Outubro de 2018/ Belo Horizonte/ MG
Em tempos de polarização de ideias, se fez necessário se unir para difundir conceitos importantes e urgentes. Ocupar a cidade com arte e espalhar a mensagem de que é preciso ter esperança e acreditar em um futuro melhor. “Esperança faz amor”, título da obra da artista pernambucana Clara Moreira, deu nome à esta ação.
Numa ocupação urbana o que se investiga é a memória topográfica das cidades; mas, principalmente, treina-se os olhos e os ouvidos para o tempo presente dos espaços; e, assim, ocupações terminam por eventos que juntam pessoas as mais improváveis; são encontros que combinam ações centrífugas de diferentes habitantes urbanos; são pausas que vão construindo redes, disseminando desejos, partilhando saberes.
Desse treino do corpo nas ocupações, resulta um quase-método de investigação que explora os acontecimentos pelo avesso ou por aquilo que ficou à margem, o que restou periférico: uma vez que o que se procura entender são os vestígios espaciais muitas vezes contornados ou camuflados pelos planos e desenhos urbanos, as ocupações fazer valer a lógica dos fluxos, dos relatos, dos usos provisórios e reuniões efêmeras.
#GAL002 contou com a participação de Aline Xavier, Carolina Botura, Clara Moreira, errerre, Giulia Puntel, Guilherme Cunha, Julia Panadés, Marina Tasca, Ricardo Burgarelli e Roberto Bellini, que juntos ocuparam de forma variada a cidade, falando de amor, náusea, diversidade, esperança, pluralidade, honestidade, justiça, feminismo, companheirismo, liberdade de expressão e democracia, de forma crítica e assertiva. Porque vêm e vão, ocupações cruzam vidas e empréstimos recíprocos de conceitos e ferramentas.
Texto e curadoria: Laura Barbi e Rita Velloso