Abril de 2019/ Restaurante do Ano, Belo Horizonte/ MG
Segundo os comentários de Richard Wilhelm sobre os poemas do livro Tao-te King de Lao-Tzu, LU é uma palavra de origem chinesa formada pela combinação dos símbolos “pé” e “cada”, e era, inicialmente, usada para designar as trajetórias astronômicas dos corpos celestes. Na série de pinturas a óleo LU (2019), que dá título à mostra, Botura tem como rota o ponto, as sementes da realidade na qual estão contidas a árvore e sua desmaterialização. Segundo a artista, “é o que cada pé pisa, o caminho que resulta justamente do fato de ser percorrido. Uma visão primária oriunda das profundezas interiores produz por si essas imagens. É estar onde se está. O presente caminhar abre a surpresa dos fragmentos da simetria cósmica”.
Carolina Botura vêm trabalhando nos últimos anos em obras de grande formato que variam entre pinturas, desenhos, esculturas e instalações, ora sobre tela ou papel, ora sobre madeira ou outros objetos. No entanto, em LU, a artista continuou sua pesquisa relacionada à origem e a ordem do caos, abordando a prática estética em torno de uma técnica onde a repetição aparece como exercício meditativo aproximando-se da perspectiva indígena de arte como cura. Para Carolina, a repetição chama o caos. É dentro de uma ordem que o caos – criação – ocorre, nunca as mesmas flores mas sempre a primavera. Gota a gota, ponto a ponto constrói-se a teia, o tecido, bordado raíz”. De fato suas pinturas, agora em dimensões menores, parecem bordados de óleo sobre tela, onde a incidência da sombra e luz, bem como o espaço branco e a mistura, muitas vezes (des)ordenada de cores criaram efeitos impressionantes.
Nesta série “as sementes convidam à tribo, às conexões céu e terra. Cobra e cosmo refletidos, refletindo a flexibilidade da natureza dual, a variação implícita e silenciosa da repetição, da expansão, o ponto que dá luz ao espaço”.
Curadoria: Laura Barbi
Texto: Laura Barbi
