Rafaela Ianni
Da série (in)cômodos
2024
Acrílica e colagem em papel de seda sobre tela.
120 x 80 cm (cada)
120 x 160 cm (díptico)
ED 1/1
R$8.500,00
Rafaela Ianni
Da série (in)cômodos
2024
Acrílica e colagem em papel de seda sobre tela.
120 x 80 cm (cada)
120 x 160 cm (díptico)
ED 1/1
RAFAELA IANNI (1985, BELO HORIZONTE – MG)
Vive e trabalha em Belo Horizonte. Produz a partir dos elementos encontrados e dispositivos frequentes na lógica da criação de imagens do cotidiano. Inspirada por movimentos modernos que compreendem o acúmulo e o excesso, retoma referências marcantes para refletir sobre a falha e o desencontro.
Em sua pesquisa, procura dar corpo às sensações de desconforto causadas pelo hiperestímulo visual, característico da lógica deprodução estética contemporânea.
Trabalhando no limiar entre colagem, assemblagem, vídeo e instalação, transforma os vestígios imagéticos que encontra em manifestações vibrantes de cores intensas e pouco polimento. Reflete sobre os desencontros de corpos, espaços ou caminhos, em um processo de montagem de fragmentos que atrai pela vivacidade e estranheza.
Em investigações mais recentes, dedica-se a criar imagens que expressem o seu desejo de movimento, por deslocamentos contínuos e aparente sensação de fuga.
Atuou em projetos culturais como membro do coletivo quando, como artista e facilitadora. Seus trabalhos já foram exibidos em exposições e feiras de arte.
Realizou a exposição individual (in)cômodos (2024, Café com lLetras, bh – mg)e participou da mostra coletiva desdobra #1 (2024, quase espaço, sp – sp). Foi artista residente no programa Ocupa Espai (2024, espai ateliê, bh – mg) e Desdobra (2024, sp- sp).
(In)cômodos
Toda parede tem uma rachadura, mas é só através dela que a luz pode passar. Como um convite receoso, a vulnerabilidade demonstrada nos trabalhos de Rafaela Ianni provoca o observador a penetrar a imagem. Porque é justamente pelo defeito que a artista permite o acesso às camadas mais íntimas que escolhe exibir.
O erro, entretanto, se revela com beleza, pela exuberância das cores e intensidade de contrastes. O olhar é atraído por essa característica e, somente então, é possível se aproximar e perceber o desalinho, o sujo, os encaixes um pouco grotescos. Eventualmente, pelos planos sobrepostos e embaralhados da composição, um buraco aparece como passagem: uma rota de fuga.
Parte dos modos da colagem o seu interesse em juntar elementos encontrados para empregá-los em alguma outra configuração. Mas, aqui, a artista transita entre os suportes, ora soterrando a tinta, ora soterrando a colagem, valendo-se, muitas vezes, de um pensamento escultórico pela matéria, que cria corpo e tridimensionalidade no trabalho. Nesse sentido, o excesso é consciente de sua potência, alfinetando a questão do bom gosto com ironia.
São frequentes as imagens de um universo onírico, da ação contínua de deslocamento por cenas que parecem familiares – porém, não acolhem. A cadeira, os cômodos e as passagens surgem nos sonhos, fruto de uma intenção inconsciente da artista, em busca de perseguir o próprio desejo. O lugar de estar sempre entrando ou saindo é, de fato, um não-lugar desprotegido, suscetível, vulnerável. Também a escolha por mostrar o feio e a falha torna-se uma não-escolha, movimento espontâneo, como um vômito. Assim, num impulso visceral e urgente de explicitar o incômodo para poder se livrar dele, rafaela ianni constrói modos de se deslocar, encarar e escapar, pelas saídas que ela mesma inventa.
Texto: Marina Romano
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